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sábado, 27 de março de 2010

76 ANOS DO FURACÃO

A FORÇA DE UMA FUSÃO: ANTECEDENTES MOTIVADORES
Havia uma zona em Curitiba conhecida por Quarteirão do Tigre, redondezas da Rua João Negrão, estendendo-se para oeste. Seria o que hoje é mais ou menos o Bairro Rebouças. Ali, jovens moradores formaram e denominaram duas equipes: Leão e Tigre.
Em 1914, um jogo entre os dois foi vencido pelo Tigre pelo escore de 2 x 1 e na churrascada que se seguiu, em ânimo de confraternização, decidiram os dirigentes de ambas as facções fundirem-se a fim de disputar, em condições de igualdade, os torneios da cidade. Surgiu, assim, o Britânia Sport Club, nome dado em homenagem à Grã-Bretanha, berço do futebol.
O sucesso da nova agremiação foi indiscutível, embora em 1915, ano do primeiro campeonato organizado reunindo equipes de Curitiba e Paranaguá, tenha sido relegado à segunda divisão. No ano seguinte, todavia, já envergava um vice-campeonato.
Curioso é que, em 1917, surgia uma figura interessante mas complexa, que mais tarde viria a ser conhecida como tapetão: o Britânia, inconformado com derrota diante do Coritiba, alegando prejuízos face arbitragem facciosa, desiste de repente do campeonato. Por outro lado, o América se vê na contingência de fundir-se com o Paraná, resultando daí o América-Paraná, nítido arranjo em termos de sobrevivência. As ligas, então distintas em 1916, uniram-se, unificando também os critérios. Ficavam assim valorizadas as disputas diretas entre as equipes. Em conseqüência, o forte América-Paraná foi o campeão do ano.

Mas vieram os anos de 1918, 1919, 1920, 1921, 1922 e 1923: hegemonia incontestável do Britânia. O hexacampeonato do Britânia fora um tormento! Uma pedra no sapato dos demais. O International e o América foram campeões, respectivamente, em 1915 e 1917. O Coritiba em 1916. Depois disso só deu Britânia, socialmente uma equipe frágil. Além disso, não possuía nem tradição nem popularidade e sequer dispunha de apoio de uma colônia. Apesar de tudo, abocanhou seis títulos seguidos.
Numa época de implantação como aquela, o fato era fundamentalmente negativo. A hegemonia de um grupo pequeno e isolado fatalmente abalaria o estímulo, o entusiasmo. O América, popularíssimo; o International idem, afora a cobertura que detinha dos tradicionais troncos provincianos; o Coritiba, toda uma colônia. O problema era sério. Não bastassem os brios altamente feridos!
Além de tudo, alguns problemas paralelos: o América não havia pago dívida contraída perante a liga regional, resultando no fato de o campeão da segunda divisão, o Universal, solicitar inscrição na vaga naturalmente aberta pela punição de cancelamento incidente sobre o América. O jogador americano, Ernesto de Moura Brito, mais do que depressa, paga a dívida junto à liga, o que a obriga a uma salomônica decisão: determinar jogo extra entre América e Universal, como critério para ocupar a tal vaga para o campeonato de 1923.
O jogo transcorria normalmente e, quando estava 3 x 3, foi marcado um pênalti contra o América. Uníssono ao primeiro grito de Marrecão, capitão da equipe e expulso imediatamente, o América retira-se do gramado e perde a vaga por desistência. Três dias depois, como saída encontrada e já dando largas a comentários e desejos recônditos, próceres do América e do International reuniram-se para tratar da fusão entre as duas agremiações. Mas discordaram quanto às cores da camisa. E nisso, passou-se um ano.
Em março de 1924, porém, os dirigentes se entenderiam: o desportista Luiz Guimarães - Zalacain -, ex goal-keeper americano, empresário, jornalista e editor esportivo, ligado por laços de parentesco aos Gonçalves, família a que pertencia Marrecão, além de dar-se muito bem com a elite tradicional do International, teve ação decisiva relativamente às providências. Sob a presidência de Arcésio Guimarães, presidente do Internacional, uma Assembléia Geral aconteceu. A união de Internacional e América foi concretizadano dia 21 de março de 1924 e no dia 26, oficialmente, foi empossada a diretoria do novo clube.

Surgia, assim, o Clube Atlético Paranaense.

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